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terça-feira, 22 de abril de 2008

Gene serve como 'bola de cristal' para prever agressividade do câncer

Cientistas americanos identificaram um gene que pode ajudar a prever o aparecimento de formas agressivas do câncer de mama. Esse trecho de DNA está associado ao controle da multiplicação das células, e defeitos nele aparentemente levam à chamada metástase, ou seja, o espalhamento da doença para órgãos diferentes do seu local de origem.

A pesquisa, coordenada por Nigel Crawford, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, aparece na edição desta semana da revista científica americana "PNAS". O gene em questão, conhecido pela sigla Brd4, contém o código para a produção de uma proteína já suspeita de participar na cadeia de eventos que levam ao câncer de mama, a forma mais comum da doença entre mulheres.

O câncer pode ser definido, grosso modo, como um descontrole do processo de multiplicação e especialização das células que ajuda nosso organismo a funcionar. As células cancerígenas, por assim dizer, não sabem quando parar: multiplicam-se a esmo e não adquirem as características adequadas a seu papel no organismo, e por isso são nocivas. Era de se esperar que o Brd4, cujo papel é justamente ajudar a regular esse processo para que nada saia errado, estivesse relacionado ao processo que desemboca no câncer.

Roedores e humanos

O primeiro passo para tentar validar a idéia foi no tubo de ensaio. Os pesquisadores usaram uma linhagem de células tumorais de camundongo, consideradas altamente metastáticas -- ou seja, com grande capacidade de invadir órgãos. Tais células tendem a se multiplicar indefinidamente em laboratório, o que ajuda os pesquisadores a simular o comportamento dos tumores.

Ao inserir o Brd4 nessa linhagem de células, eles verificaram uma diminuição acentuada nessa capacidade invasiva -- as células tumorais se tornaram menos adeptas da formação de metástases, por assim dizer.

O passo seguinte foi analisar a atividade do gene em células extraídas de mulheres que tiveram câncer de mama. O interessante, nesse caso, é que a atividade do gene mostrou ter uma relação quase perfeita com o prognóstico das pacientes (registrado pelos médicos que trataram delas). Se o Brd4 estava "ativo", as mulheres em questão tinham grande chance de ter um tumor pouco agressivo, que não voltou ao organismo. Por outro lado, se o gene se encontrava "desligado", a chance de metástase e morte era muito maior.

A informação pode ser extremamente útil para futuros tratamentos. Os médicos seriam capazes de identificar quais mulheres correm mais risco de enfrentar uma metástase, mesmo se o espalhamento não tiver ocorrido. Nesses casos, poderão usar um tratamento mais agressivo para tentar evitar o pior. Por outro lado, mulheres com o Brd4 funcionando provavelmente deverão receber menos quimioterápicos e, portanto, sofrer menos com os efeitos colaterais da terapia.

Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo

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